Homenagem Póstuma a Moebius

sábado, 9 de junho de 2012

E enfim chegou o dia, em que eu venho ao mundo lamentar a morte do gênio Jean Giraud. E como disse antes diante da morte de Dio, a melhor forma de descrever a grandeza de um artista, é através de sua obra.


Das paisagens áridas de Blueberrry aos céus e universos de Arzach e Airtight Garage. De épicos como Incal a pequenas histórias curtas. Tron, Alien, Willow e O 5º Elemento e outras muitas histórias. Seja como Moebius, como GIR ou simplesmente como Jean Giraud. Obrigado pelo seu legado.


Eu gostaria de ter feito este post antes. Descanse em paz.


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Manifesto Anti-Brasileiro

sábado, 19 de maio de 2012

É...eu sei que havia prometido falar de Moebius nesse post, mas não vou. Me sinto na obrigação de falar de outro assunto, muito mais urgente. Moebius pode esperar.

Quero falar sobre o povo brasileiro e o tempo, dois sujeitos que parecem estar em se chocando eternamente.

E para falar disso, eu quero começar por um fato que quase passa despercebido na imensidão do território nacional ou na imensidão cronológica do universo.

Recentemente a minha faculdade, e para os que não sabem, estudo na Universidade Gama Filho do Rio de Janeiro, passou por uma mudança administrativa. Essa mudança ocorreu em consequência do estado de quase falência da universidade, o que é senso comum de ter começado após a morte de seu fundador. Com a instituição nas mãos dos filhos do Ministro Luiz Gama Filho, as finanças afundaram e houve uma relativa queda na qualidade do ensino. Foi então que o Grupo Galileo Educacional comprou não sou a UGF, mas também a UniverCidade.

Até aí não há nada demais. É de senso comum também que de uma maneira geral o ensino no Brasil é precário, e que as faculdades privadas enfrentam dificuldade. E é exatamente aí, nesse pensamento, que está o absurdo.

É absurdo que o prédio de um curso de saúde fique interditado por uma semana por falta de limpeza nos banheiros. É absurdo que professores não recebam salários. É absurdo que uma instituição de ensino tenha a luz e internet cortadas por falta de pagamentos. É absurdo que alunos paguem mais de três mil reais por isso. É absurdo que alunos paguem impostos por isso.

Mas isso é 10% da ponta de um iceberg de proporções continentais.

Vale lembrar que as faculdades públicas também não são de "primeiro mundo". Basta dar um passeio pelo campus da Ufrj no Fundão e se deparar com salas depredadas e escombros de partes do hospital universitário. Com raríssimas exceções, o que vemos pelo Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, é o ensino completamente sucateado.

E reparem que eu disse "ensino". Essa questão, e todos sabem muito bem, é enraizada na nossa cultura. Uma raiz de erva daninha que faz seu caminho até o ensino superior, acima citado. E nesse caminho vil são atingidos o ensino médio, fundamental e pré escola com contundência letal. Falo nesses termos por que enxergo o Brasil como um ser vivo, e na educação seu órgão principal. A educação é precária, o Brasil está doente. O prognóstico é terrível.

É o ponto onde queria chegar na cultura do povo brasileiro. Somos conhecidos por sermos alegres e receptivos, mas também por sermos "malandros" e "encostados". Dóis saber disso, dói mais ainda reconhecer que é verdade.

Somos completamente incapazes de encarar situações sérias. Não encaramos nossa política, nossa educação, nossa segurança...absolutamente nada. É algo que parece plantado em nosso consciente coletivo desde a criminosa colonização portuguesa a mais de quinhentos anos atrás.

Nossos heróis e mártires foram todos suprimidos e caricaturados, e os que não foram, são uma fraude. Nossa noção de poder e hierarquia é deturpada. Nós temos medo de superar nossa mediocridade.

E é onde quero chegar com o tempo. Nosso passado é uma farsa, nosso presente é vergonhoso e o futuro, desastroso. Quanto ao passado, nada pode ser feito, infelizmente. Mas podemos tirar nossos cabrestos HOJE, arregaçar as mangas e construir um futuro. Ainda não é tarde.

É muito legal ler palavras como essas que acabei de escrever...e me entristece saber que serão só mais umas palavras bonitas de inspiração que vão se perder por aí. Mesmo que todos os brasileiros leiam esse blog, eu sei que nada será feito. E se alguém resolver mover um músculo, algum político ou posseiro irá simplesmente silenciar tudo.

Mesmo sabendo que é inútil, no entanto, eu persisto. Proponho uma erradicação total da cultura brasileira como a conhecemos. Tudo, sem exceção. E recomeçar do zero tendo em mente que somos um povo. Ufanismo à parte ninguém em lugar do globo terrestre irá fazer nada por nós. E uma minúscula "elite esclarecida" também não é capaz de nada.

Sou à favor da vida seja ela de que tipo, e por isso acredito num ostracismo radical contras todos os atuais opressores que nos governam...mas sou capaz de fechar os olhos para seus sumiços. Afinal de contas um câncer, mesmo que "benigno" continua sendo um câncer.

Eu gosto do Brasil, acredito no potencial do brasileiro, mas continuar com esse pensamento retrógrado e pequeno simplesmente não dá. E é necessário que todos participem dessa revolução. Eu convoco desde a presidenta Dilma, e aqueles que a controlam nos bastidores, até os mendigos que dormem e fazem suas necessidades nas calçadas da Rua Dias da Cruz, no Méier.

Convoco você, seja você adolescente, adulto, criança, político, professor, advogado, médico, funkeiro, pagodeiro, rockeiro, intelectual, militar, hippie, descompromissado, diabético, socialista, capitalista, magro, obeso, homem, mulher, gay, travesti, transexual, branco, pardo, negro, índio,  bandido, policial, motorista, motoboy, ou seja lá o que ou o quem você for. Ensine um analfabeto a ler, adote uma criança de rua com mais de oito anos, seja compassivo com quem sofre, doe alguma coisa a alguém, ajude um viciado ou um preso a se reabilitar. Seja lá o que for, por menor que seja ação, faça e propague a mensagem. Vai ser difícil no início, mas como toda novidade, o novo pensamento será lentamente aderido por todos.

A boa ação é o primeiro passo. A união é necessária para que todos possam discutir sobre o futuro. Tão complicado quanto tornar uma sociedade tão grande unida é tornar todos capazes de pensar, decidir e agir. Isso vem através da educação e leva tempo, mas é recompensador.

Minhas ideias já começas a perder um pouco o foco...talvez eu tenha alongado demais o meu discurso...espero pelo menos ter levado minha mensagem para alguém, e que a mensagem se propague e se perpetue.

Por enquanto é só. Até a próxima, enfim com Moebius.



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Onde se separam os homens dos meninos

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Vou lhes contar um segredo, que não é assim tão secreto...ao menos pra quem me conhece um pouco melhor. Sou totalmente aficcionado por quadrinhos. Sou tão fã dessa que, pra mim, é a "oitava arte" que recentemente até resolvi arriscar uns desenhos e roteiros.

Mas não é do meu vão esforço em realizar um sonho de criança que eu vim falar, mas sim do talento daqueles que são os maiores mestres da arte sequencial. E de suas obras também.

Sabe...eu tinha começado fazendo um lista. Adoro listas. Mas percebi que não teria a capacidade de fazer tal lista...então resolvi dissertar.



Mas pra mim, o maior dos personagens dos quadrinhos não é nenhum dos "grandes nomes". Nada de Homem Aranha, Rorschack, Super Homem ou Batman. Ok...ele até é um grande nome...muita gente conhece ele, mesmo que sem saber.

Sei que vou ser ameaçado de morte por isso, mas o melhor personagem da história da arte sequencial é Dick Grayson. Sim, o bom e velho Richard Grayson, o primeiro Robin. E o motivo é simples: Ele é o personagem que mais apresentou um dinamismo em sua história. Outros personagens chegaram perto...mas nenhum aos pés de Dick.



Entenda:
1 - O primeiro sidekick da história. Dick estreou como o aprendiz do maior detetive do mundo e maior herói sem poderes existente. Já em sua origem ele se iguala ao seu mentor (pais mortos, juramento de combate ao crime) e continua a seguir seus passos através do treinamento oferecido por Bruce Wayne. Ora...se Bruce treinou com os melhores do mundo, então Dick aprendeu com O melhor do mundo. Com a vantagem de ter outros tutores ocasionais como Alfred e Superman.



2 - O primeiro sidekick a crescer! Acontece que o tempo passa. Dick não poderia ser criança pra sempre. Precisava crescer, e cresceu. Um crescimento lento, gradual, e que forçou uma mudança drástica em quase tudo o que dizia respeito ao seu mentor, Batman. Pois a dupla dinâmica era necessária, sempre necessária. Um Batman não vive sem um Robin, ou pelo menos, à partir da chegada de Dick, não poderia mais. Mesmo com eles se distanciando (Btm na Liga da Justiça e Robin nos Jovens Titãs) a parceria era necessária. Mas Dick era um artista nato, um líder nato e, em seu treinamento, tornou-se um herói completo. Precisava respirar seus próprios ares. E então nasce o Asa Noturna, com nome inspirado por uma lenda kryptoniana, resquícios de Batman, mas autêntico e em sua própria cidade - Blüdhaven.

3 - O primeiro sidekick a assumir o manto de seu mentor...ou ao menos o único com real importância. Pioneirismos à parte, a evolução natural de Dick de Robin para Asa Noturna para Batman, com seu próprio Robin é o que os roteiristas chamam de perfeição. Um início, um meio e um fim que por sua vez retorna ao início, gerando um novo ciclo. Foi difícil, mas ele chegou lá e conseguiu. Saiu das trevas para a sombra de um mentor, deixou o mentor para crescer por si só, seus próprios desafios e então tomou para si seu lugar de direito como protetor de Gotham.

E se ainda não estão convencidos, jogo um de meus ases em jogo: Hamlet. Dick o mesmo caminho do herói trágico. Um tanto deturpado, mas faz.

Com os Novos 52 (para os leigos: é o reboot da DC...tudo foi zerado e começaram as histórias todas do zero) Dick volta a ser Asa Noturna mas, o que eu achei sensacional, o período dele como Batman não foi ignorado. A incorporação desse fato tão importante nesse personagem foi uma decisão muito feliz por parte da DC, devo dizer.

Eu apenas gostaria que ele fosse melhor aproveitado. É um personagem que inicialmente foi criado para chamar o público jovem a comprar mais quadrinhos, e de uma certa forma ele continuou assim por muito tempo. Mas mesmo com o conceito inicial tão simples, ele é capaz de se desdobrar de tantas formas...um potencial enorme...Fico imaginando uma graphic novel escrita pelo Alan especialmente sobre o Dick Grayson....pena que Alan não escreverá mais...



Digo isso por que ele vai além da ação de quadrinhos mainstream. Seu conceito se encaixa a qualquer época da humanidade, qualquer um poderia ser Dick Grayson, da idade da pedra lascada, até o fim dos tempos. Ele é possível, ainda mais possível que muitos outros personagens, e ainda assim, é fantástico e onírico.

Eu poderia dissertar por muito mais tempo sobre o assunto, mas acredito que isso tudo já basta. Imagino que muitos discordem da minha opinião, mas estão todos convidados a discutirem sobre o assunto.

Por enquanto é só pessoal, tentarei contatar a Amazona e Ale Atório para retornar as atividades do Bardo...saudades da presença feminina do blog...

E de antemão já os previno que meu próximo post será dedicado à Moebius, o grande gênio francês da ilustração.


REVIVAL
E para manter a tradição do Bardo, aqui vai mais uma pérola do fundo do baú musical. Três pérolas, para comemorar mais um retorno das atividades do Bardo!!!

1 - Budgie - Breadfan : Trazido até mim pelo Léo, parceiro meu da Protobone, dispensa comentários. Sério, não vou comentar nada...apenas aproveitem, por que é boa demais!




2 - Pagan Altar - Judgement of the Dead : Um dos grupos pioneiros do Doom, junto de Saint Vitus, Witchfinder General e Pentagram. É tão épico que já me inspirou a criar músicas e personagens.



3 - Black Death - Night of the Living Dead : O que posso dizer sobre esta pérola da indústria fonográfica? Eles formaram a primeira banda de Black Metal da história! Ok, essa foi uma piadinha muito, mas muuuito tosca. Black Death virou quase uma lenda da internet, mas a verdade é que ela é a primeira banda de metal composta unicamente por membros afrodescendetes (gosto de pioneirismos). Por mim não há nada de diferente, fazem um som bom como qualquer outra banda no mundo, mas vale lembrar que a cena do heavy metal "clássico" ainda hoje é tem um certo domínio "ariano". Na terra dos headbangers de cabelões lisos e ensebados, Black Death é realeza!


Um abraço quadrinístico a todos, até a próxima!



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