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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Acabo de retornar do cinema, eis que eu lhes trago uns pensamentos acerca do filme que assisti, Cisne Negro (Black Swan).



Em uma rápida análise minimalista e reducionista, além de terrivelmente injusta, lhes afirmo que esse é apenas um atípico filme de terror americano, que surpreende não pela visceralidade das cenas em si, mas de seu "background" e escolhas de roteiro e direção.

Por que isso?
O filme aborda a vida de uma bailarina de uma companhia decadente de ballet nova-iorquina, que rapidamente "ascende" dentro da mesma, através de seu esforço pessoal e após cair nas graças do genial e lunático diretor.

A princípio esse parece uma sinopse de um romance qualquer como existem às toneladas por ai....alguns bons e outros "esquecíveis". Mas da mesma maneira que a jovem bailarina Nina cresce dentro da companhia, crescem também seus graves problemas psicológicos/psiquiátricos, agravados pela intensa preparação para um papel de peso.

Chega a ser engraçado como o roteiro, que demorou cerca de 10 anos para chegar às telas, se mescla com um primo pouco distante nos livros. The Black Swan Theory, obra de Nassim Nicholas Taleb, é uma metáfora a eventos de grande impacto, quase imprevisíveis, a não medição de probabilidades por meios científicos e a nossa incrível capacidade de individual e coletivamente "fechar os nossos olhos" para tais fatos.

Durante o filme, a protagonista vai praticamente sofrendo uma metamorfose lenta, gradual, visceral e acima de tudo, sofrida. Essa metamorfose ocorre basicamente em seu próprio "mundo", como numa psicopatologia qualquer a qual eu estou com preguiça de buscar exatamente quem é. Em seu clássico "Metamorfose", Franz Kafka narra a transformação de um homem em uma barata, durante o qual o homem uma vez tão orgulhoso e cheio de supostas virtudes, trava uma disputa pessoal contra seu próprio eu e termina por se tornar um ser execrável. Com Nina ocorre o mesmo.

Retomando a conexão entre o filme e The Black Swan Theory, enquanto é constantemente bombardeada por informações e desconstruções de sua persona, a inocente Nina, que personifica a personagem Rainha Cisne do clássico de Tchaikovzky, tanto o público quanto ela mesma são alvejados por toneladas de dicas e informações acerca de sua iminente condição psicológica. Sua transformação interior (e para ela, exterior também) em o Cisne Negro (que dá o título), improvável e oculto em seu eu, assim como diz a teoria de Nassim é de grande impacto, surpeendente até certo ponto e "negligenciada" por todos.

A ânsia em descobrir o final do filme brilhantemente mesclado com o final do espetáculo faz com que as viscerais (to repetindo isso bastante não é mesmo?) cenas onde Nina se perde em sua própria loucura ficarem perdidas em meio a risadas de incompreensão. Mesmo o aclamado IMDb deixou passar uma informação valiosíssima ao afirmar que era um mero erro de filmagem uma determinada cena.

Quem assistiu Uma Mente Brilhante, protagonizado pelo brilhante (HÁ piadinha do bardo) Russel Crowe, ou pelo menos quem entende um pouco de psicopatologias percebe de cara que as ações, visões e tudo mais ocorrido na tela que é em tese sentido pela personagem não passa de um "mero" episódio psicótico (ou esquizofrênico, se preferirem).

Retomando mais uma vez à teoria do Cisne Negro, quem não notou uma mera semelhança nela com a famosa "Lei de Murphy" (a qual eu prefiro 193285419243 vezes mais que a Lady Gaga....HÁ SACARAM?!?!?!??to gozadinho hoje!) vai levar um pescotapa daqueles bem dados. Há a possibilidade e há a tendência de ocorrer o desastre e em sua busca de superar seu misbehavior e sair da caverna oculta para retornar com o elixir (lições da tia Manuela Bernardi) o desastre ACONTECE.

Elocubrações à parte, o que interessa é que esse é um filme muito bem feito, com um "que" de trash, mas no bom sentido da coisa. O baixo orçamento contribuiu para uma maior realidade, intensidade e naturalidade das cenas, mesmo as mais mirabolantes!
(ah sim e tem várias cenas de masturbação da Natalie Portman...além de uma cena de lesbianismo....para os tarados é lógico)

É tão intenso o momento em que Nina se "transforma" em Cisne Negro que na hora em que assisti o filme eu JURAVA que ela ia lançar um PÓ DE DIAMANTE na plateia que a assitia...



Por fim, mas não menos importante, eu gostaria de convocar a todos que tiveram um mínimo de paciência pra ler este post a assistirem o filme. Pode não ser revolucionário, mas surpreende mesmo os mais "calejados". Ótimas atuações, ótima direção, ótimo roteiro, ótima trilha....um sério candidato a algum oscar.

E pra finalizar em grande estilo....um revival!

Forget the Swan - Dinossaur Jr: Depois de tanto falar em cisnes...ESQUEÇAM DISSO TUDO E VÃO OUVIR ROCK!



Abraços do bardo....


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1 comentários:

Nilton Luiz disse...

Antes de mais nada, só citar uma parte do "to gozadinho hoje!" Nada a declarar.

Bom, muito bom ler uma crítica que não baba o ovo do filme mas também não esculacha e mesmo assim faz ter vontade de ver, vou ver se um dia arranjo um tempo pra assistir e aí contribuo mais aqui nessa vazia caixa de comentários